Com esse título no próximo email - "E a gente vai se conhecendo"
- Sal deu prosseguimento à nossa correspondência virtual.
Conhecê-la, ainda que virtualmente, e compartilhar com ela
ideias, textos, experiências, tudo isso foi uma grande
contribuição para enriquecimento não apenas de minha bagagem
literária mas sobretudo de mim mesma, como ser humano.
Muitos dos emails trocados por nós continham expressões
dramáticas, de foro íntimo, sobre aqueles derradeiros tempos -
de sofrimento -, revelações que, naturalmente, guardo como
relicário interior em respeito à privacidade da Poeta.
Pressinto, às vezes, que nossa amizade passou de virtual a
espiritual, embora ela mesma se definisse como um ser humano
"ateu". Numa ocasião, quando eu disse que ela trouxera sorte a
meu site, alavancando o número de visitas, Sal me respondeu:
- "Eu dando sorte? Ah, vou avisar Dom José, um bispo meu melhor
amigo, pois ele diz que vai mandar me canonizar assim que eu
morrer... rs... Disse que eu serei a santa protetora dos
ateus... rs... Isso é ponto para meu currículo de santa atéia, a
primeira do mundo... rs..."
Assim era Sal: intensa e suave, dramática e cômica, um
talento literário, defensora dos necessitados, um verdadeiro
exemplo de essência humana.
Nossos emails, com o tempo, não obstante tenham-se direcionando
mais para as temáticas gerais, injustiças sociais, à proteção
aos animais, continham muitas citações interessantes de Sal, que
sempre aproveito nas mensagens dos cartões e gifs animados.
E então, num sombrio dia de 2006, fiquei sabendo pela internet
de sua despedida desta nossa dimensão... após sua passagem
meteórica e fulgurante em minha vida, o repouso da guerreira... eterna em nossos corações!