Madrugada
Horas silentes...
A cidade adormecida
Descansa de outro dia,
Extenuante, mas palpitante de
vida;
De amares, de amores,
Esperanças, frustrações...
Leitos aquecem corpos que se
desejam,
Raios de luar nas ondas do mar
despejam
Purpurinas espumantes,
Ecos-suspiros de amantes...
E de veladas canções...
Soluça o vento, ao bailar dos
arvoredos,
Geme baixinho, sussurrando os
segredos
Que emanam, murmurantes,
De sequiosos corações...
E no meu peito, meus mais
secretos desejos,
Buscam do luar os flutuantes
lampejos:
Participar também querem
Do festival de emoções...
És, madrugada, companheira
solidária,
Dos meus anseios, a total
depositária,
Dos devaneios, a cúmplice mais
leal...
E, quando o sol esparrama no
horizonte
Os fulgores de sua flamejante
fonte,
Voltam os ritos do nosso mundo
real...
Mas permaneço na minha
credulidade
Que essa magia ainda será
verdade...
E em breve adeus,
Num aceno de bonança,
A madrugada se vai,
Resguardando a esperança
Que nela eu sempre ponho!
É alvorada no tempo,
É despertar do meu sonho...
Oriza Martins
Piracicaba, julho/2007