Sonhei-te assim, ó
minha amante, um dia:
— Vi-te no céu; e, anamoradamente,
De beijos, a falange resplendente
Dos serafins, teu corpo inteiro
ungia...
Santos e anjos beijavam-te... Eu
bem via
Beijavam todos o teu lábio ardente;
E, beijando-te, o próprio
Onipotente,
O próprio Deus nos braços te cingia!
Nisto, o ciúme — fera que eu não
domo —
Despertou-me do sonho, repentino
Vi-te a dormir tão plácida a meu
lado...
E beijei-te também, beijei-te...
e, ai! como
Achei doce o teu lábio purpurino.
Tantas vezes assim no céu beijado!
|