Tens
olhos de quem não quer
Procurar quem eu não
sei.
Se um dia o amor vier
Olharás como eu olhei.
Pobre do pobre que é ele
E não é quem se fingiu!
Por muito que a gente
vele
Descobre que já dormiu.
Não me digas que me
queres
Pois não sei acreditar.
No mundo há muitas
mulheres
Mas mentem todas a par.
Água que não vem na
bilha
É como se não viesse.
Como a mãe, assim a
filha...
Antes Deus as não
fizesse.
Ó loura dos olhos
tristes
Que me não quis
escutar...
Quero só saber se
existes
Para ver se te hei de
amar.
Há grandes sombras na
horta
Quando a amiga lá vai
ter...
Ser feliz é o que
importa,
Não importa como o ser! |
O moinho de café
Mói grãos e faz deles pó.
O pó que a minh'alma é
Moeu quem me deixa só.
Dizem que não és aquela
Que te julgavam aqui.
Mas se és alguém e és bela
Que mais quererão de ti?
Tenho um livrinho onde escrevo
Quando me esqueço de ti.
É um livro de capa negra
Onde inda nada escrevi.
Olhos tristes, grandes, pretos,
Que dizeis sem me falar
Que não há filhos nem netos
De eu não querer amar.
Meu coração a bater
Parece estar-me a lembrar
Que, se um dia te esquecer,
Será por ele parar.
Quantas vezes a memória
Para fingir que inda é gente,
Nos conta uma grande história
Em que ninguém está presente
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