Dás nós
na linha que cose
Para que pare no fim.
Por muito que eu pense e
ouse,
Nunca dás nó para mim.
Não sei em que coisa
pensas
Quando coses
sossegada...
Talvez naquelas ofensas
Que fazes sem dizer
nada.
As gaivotas, tantas,
tantas,
Voam no rio pro mar...
Também sem querer
encantas,
Nem é preciso voar.
As ondas que a maré
conta
Ninguém as pode contar.
Se, ao passar, ninguém
te aponta,
Aponta-te com o olhar.
Todos os dias que passam
Sem passares por aqui
São dias que me
desgraçam
Por me privarem de ti.
Quando cantas,
disfarçando
Com a cantiga o cantar,
Parece o vento mais
brando
Nesta brandura do ar. |
Não sei que grande
tristeza
Me fez só gostar de ti
Quando já tinha a certeza
De te amar porque te vi.
A mantilha de espanhola
Que trazias por trazer
Não te dava um ar de tola
Porque o não podias ter.
Boca de riso escarlate
Com dentes brancos no meio,
Meu coração bate, bate,
Mas bate por ter receio.
Se há uma nuvem que passa
Passa uma sombra também.
Ninguém diz que é desgraça
Não ter o que se não tem.
Tu, ao canto da janela
Sorrias a alguém da rua,
Porquê ao canto, se aquela
Posição não é a tua?
Dá-me, um sorriso ao domingo,
Para à segunda eu lembrar.
Bem sabes: sempre te sigo
E não é preciso andar.
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