Teu
xaile de seda escura
É posto de tal feição
Que alegre se dependura
Dentro do meu coração.
O manjerico comprado
Não é melhor que o que
dão.
Põe o manjerico ao lado
E dá-me o teu coração.
Rosa verde, rosa
verde,...
Rosa verde é coisa que
há?
É uma coisa que se perde
Quando a gente não está
lá.
A rosa que se não colhe
Nem por isso tem mais
vida.
Ninguém há que te não
olhe
Que te não queira
colhida.
Há verdades que se dizem
E outras que ninguém
dirá.
Tenho uma coisa a
dizer-te
Mas não sei onde ela
está.
Quando ao domingo
passeias
Levas um vestido claro.
Não é o que te conheço
Mas é em ti que reparo. |
Tenho vontade de
ver-te
Mas não sei como acertar.
Passeias onde não ando,
Andas sem eu te encontrar.
Andorinha que passaste,
Quem é que te esperaria?
Só quem te visse passar.
E esperasse no outro dia.
Nuvem do céu, que pareces
Tudo quanto a gente quer,
Se tu, ao menos, me desses
O que se não pode ter!
O burburinho da água
No regato que se espalha
É como a ilusão que é mágoa
Quando a verdade a baralha.
Leve sonho, vais no chão
A andares sem teres ser.
És como o meu coração
Que sente sem nada ter.
Vai alta a nuvem que passa.
Vai alto o meu pensamento
Que é escravo da tua graça
Como a nuvem o é do vento.
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