Emissário de um rei
desconhecido,
Eu cumpro informes
instruções de além,
E as bruscas frases que aos
meus lábios vêm
Soam-me a um outro e anômalo
sentido...
Inconscientemente me divido
Entre mim e a missão que o
meu ser tem,
E a glória do meu Rei dá-me
desdém
Por este humano povo entre
quem lido...
Não sei se existe o Rei que
me mandou.
Minha missão será eu a
esquecer,
Meu orgulho o deserto em que
em mim estou...
Mas há ! Eu sinto-me altas
tradições
De antes de tempo e espaço e
vida e ser...
Já viram Deus as minhas
sensações...
Fernando
Pessoa |