Gosto de ti
desesperadamente:
dos teus cabelos de tarde
onde mergulho o rosto,
dos teus olhos de remanso
onde me morro e descanso;
dos teus seios de
ambrosias, brancos manjares
trementes
com dois vermelhos
morangos para as minhas
alegrias;
de teu ventre - uma
enseada - porto sem cais e
sem mar -
branca areia à espera da
onda que em vaivém vai se
espraiar;
de teu quadris,
instrumento de tantas
curvas, convexo,
de tuas coxas que lembram
as brancas asas do sexo;
- do teu corpo só de
alvuras - das infinitas
ternuras
de tuas mãos, que são
ninhos de aconchegos e
carinhos,
mãos angorás, que parecem
que só de carícias tecem
esses desejos da gente...
Gosto de ti
desesperadamente;
gosto de ti, toda,
inteira nua, nua, bela,
bela,
dos teus cabelos de tarde
aos teus pés de Cinderela,
(há dois pássaros
inquietos em teus pequeninos
pés)
- gosto de ti,
feiticeira,
tal como tu és...