Quem crerá nos meus
versos algum dia,
Se tanto louvam tuas
qualidades?
Mas sabe o céu que
são a tumba fria
A te esconder a vida
e só a metade
Dizem de ti. Se teus
olhos, somente,
Ou tuas graças todas
eu cantasse,
O futuro diria: “O
poeta mente,
Que o céu não toca
assim humana face.”
E então os meus
papéis já desbotados
Seriam - como velhos
falastrões -
Encarnecidos e os
teus dons deixados
No esquecimento de
banais refrões:
Mas terás, se
um teu filho viver
tanto,
Dupla vida: no
filho e no meu
canto.
William Shakespeare