Namorados que se prezam têm
a sua música.
E não temem se derreter
quando ela toca. Ou, se o namoro acabou, nunca
mais dela se esquecem.Namorados que se prezam
gostam de beijo, suspiro, morderem o mesmo
pastel, dividir a empada, beber no mesmo
copo.
Apreciam ternurinhas que
matam de vergonha fora do namoro ou lhes parecem
ridículas nos outros.Por falar em beijo, só
namora quem beija de mil maneiras e sabe cada
pedaço e gostinho da boca amada.
Beijo de roçar, beijo
fundo, inteirão, os molhados, os de língua,
beijo na testa, beijo livre como o pensamento,
beijo na hora certa e no lugar
desejado.
Sem medo nem
preconceito.
Beijo na face, na nuca e
aquele especial atrás da orelha no lugar que só
ele ou ela conhece.Namora, quem começa a ver
muito mais no mesmo lugar que sempre viu e
jamais reparou. Flores, árvores, a santidade, o
perdão, Deus, tudo fica mais fácil para quem
sabe de verdade o que é namorar.
Por isso só namora quem se
descobre dono de um lindo amor, tecido do melhor
de si mesmo e do outro.
Só namora quem não precisa
explicar, quem já começa a falar pelo fim, quem
consegue manifestar com clareza e facilidade
tudo o que fora do namoro é
complicado.
Namora, quem diz:
"Precisamos muito conversar"; e quem é capaz de
perder tempo, muito tempo, com a mais útil das
inutilidades e pensar no ser amado, degustar
cada momento vivido e recordar palavras, fotos e
carícias com uma vontade doida de estourar o
tempo e embebedar-se de flores
astrais.
Namora, quem fala da
infância e da fazenda das férias, quem aguarda
com aflição, o telefone tocar e dá um salto para
atendê-lo antes mesmo do primeiro
trim.
Namora quem namora, quem à
toa chora, quem rememora, quem comemora datas
que o outro esqueceu.
Namora quem é bom, quem
gosta da vida, de nuvem, de rio gelado e de
parque de diversões.
Namora quem sonha, quem
teima, quem vive morrendo de amor e quem morre
vivendo de
amar.
Índice dos Poemas de Amor e Prosa Poética